CONDIÇÕES CLIMÁTICAS E LONGEVIDADE
NÚMERO 8 – SETEMBRO 2000 / MARÇO DE 2001 – ANO 30
SUPLEMENTO DA FOLHA CRIACIONISTA NÚMERO 63/64

 

A questão da longevidade do ser humano, tendo como pano de fundo as idades dos patriarcas bíblicos – que sem dúvida apresentam valores extremamente elevados para os padrões atuais – pode ser focalizada à luz de uma mudança climática sofrida pelo planeta em decorrência do grande dilúvio universal.

Estrutura Física da Atmosfera

A atmosfera terrestre atualmente pode ser dividida em camadas que apresentam características distintas em termos de pressão, temperatura e composição.
A figura abaixo apresenta um diagrama ilustrativo da estrutura vertical (atual) da atmosfera, caracterizando as suas diversas camadas, nas altitudes entre o nível do mar e o limite superior da ionosfera. Os limites entre as várias camadas indicadas – troposfera, estratosfera, mesosfera, e termosfera – na realidade, variam em função da latitude, época do ano, hora do dia e nível da atividade solar.

A pressão atmosférica é devida ao peso da coluna gasosa, de tal forma que o seu valor máximo encontra-se ao nível do mar, diminuindo com a altitude. A temperatura da atmosfera também tende a decrescer com a altitude, pois o seu aquecimento nas camadas mais baixas deve-se às ondas longas emitida pelo solo aquecido pela radiação solar, e pela condução e convecção de calor, originadas também por este aquecimento. Na estratosfera, o Ozônio existente (que constitui 1% da sua composição) absorve a radiação solar ultravioleta, o que provoca novamente acréscimo da temperatura em função da altitude. Acima dessa camada de Ozônio, na mesosfera, a temperatura novamente passa a decrescer com a altitude. Na termosfera, o aumento de temperatura é devido à absorção da radiação de ondas curtas, por processos de ionização.

Composição Química da Atmosfera

Nas camadas mais baixas da atmosfera, o ar é composto de gases na proporção média de 78% de Nitrogênio, 21% de Oxigênio, e 1% de Argônio, com traços de outros gases nobres, bióxido de Carbono, e vapor d’água. Abaixo dos 110 km, essa composição é relativamente estável, devido ao mecanismo turbulento que provoca a mistura de todos esses gases. Acima dos 110 km, a difusão molecular torna-se mais

importante do que o mecanismo turbulento, as moléculas mais leves podendo então difundir-se mais facilmente do que as mais pesadas. Assim, acima dos 200 km, o Oxigênio atômico torna-se o principal constituinte atmosférico, em seguida, o Nitrogênio, e, além dos 600 km, o Hélio. Em altitudes maiores, o principal componente é o Hidrogênio atômico.

A radiação cósmica e a produção de Carbono radioativo na atmosfera

Acima da região onde é preponderante o Oxigênio atômico, e abaixo da região em que é preponderante o Hélio, está a região em que o principal constituinte é o Nitrogênio atômico. Nessa região, mediante o bombardeio de nêutrons provenientes da radiação cósmica, processa-se a reação nuclear que dá origem ao Radiocarbono, ou Carbono-14, isótopo radioativo do Carbono. Essa reação pode ser simbolicamente representada pela equação

7 N 14 + 1 -> 14 + 1

ou seja, 1 átomo de Nitrogênio estável, de número atômico 7 e massa atômica 14, mais 1 nêutron, produz 1 átomo de Carbono instável (ou Radiocarbono), de número atômico 6 e massa atômica 14, e mais 1 átomo de Hidrogênio de número atômico 1 e massa atômica 1. O Hidrogênio assim formado difunde-se para as camadas mais altas da atmosfera, enquanto que o Carbono-14, combinando-se com o Oxigênio, forma moléculas de bióxido de Carbono que se difundem em direção às camadas mais baixas. Com o mecanismo turbulento verificado nas camadas mais baixas, todo o Radiocarbono assim formado incorpora-se então na atmosfera sob a forma de bióxido de Carbono-14. Estima-se que hoje a produção de Radiocarbono por esse processo é de 13 quilogramos diários, e que a proporção entre as quantidades existentes dos dois isótopos do Carbono considerados, por sua vez, é de 1 átomo de 14 (Carbono radioativo) para cada 1012 átomos de 6 C 12 (Carbono estável). Modelos de uma atmosfera terrestre anterior ao dilúvio, mais densa e formada por uma camada protetora das radiações, e ocasionadora de um saudável efeito estufa, sem precipitações pluviométricas, têm sido propostos por estudiosos da paleoclimatologia. Desses modelos decorrem evidências de maior proteção da vida sobre a superfície da Terra contra radiações ionizantes e não-ionizantes, e conseqüentemente maior longevidade dos seres vivos anteriormente ao dilúvio.


 

PROCESSOS DE DECAIMENTO

Observam-se na natureza processos de diferentes tipos, que podem ser classificados, de maneira geral, como sendo conservativos e degenerativos. A partir do estudo desses processos naturais, foram sendo induzidos, analogamente, dois tipos de leis que regem os fenômenos observados nos sistemas na natureza – as leis da conservação de grandezas físicas (como massa, energia, etc.), e as leis que caracterizam a degeneração dos sistemas. Usualmente estas últimas leis são relacionadas, no âmbito da Termodinâmica, com o comportamento peculiar da grandeza física denominada entropia, cujo valor se mantém constante ou sempre cresce nas transformações observadas na natureza sofridas pelos sistemas fechados. Este comportamento passou a ser descrito fenomenológica e matematicamente pela proposição que se tornou famosa com a denominação de Segunda Lei da Termodinâmica. Essa é a lei que rege os processos de degradação ou decaimento em toda a natureza, dos quais alguns serão apresentados a seguir, com caráter ilustrativo.

Decaimento radioativo dos elementos instáveis em geral, e em particular do Carbono-14

O Radiocarbono [6C14] é um elemento instável, que sofre um processo de degradação transmutando-se em Nitrogênio [7N14] com a emissão de raios beta (radiação ionizante), conforme descrito pela equação seguinte:

C14 -> N14 + -1 e0

Os processos de desintegração radioativa obedecem quantitativamente à expressão: dN/dt =- N, onde N é o número de átomos radioativos, é a constante de decaimento, e t é o tempo. Por integração, essa expressão leva a uma variação exponencial do número de átomos radioativos em função do tempo, dada por N = N0 -t , onde N0 é o número de átomos radioativos no instante inicial (t=0). A curva de decaimento é uma exponencial decrescente, conforme visualizado abaixo:

 

Lesões produzidas em microrganismos devido à absorção de radiação ultravioleta

A inativação de microorganismos utilizando radiação ultravioleta (não ionizante) é prática comum em aplicações de natureza sanitária. O processo se dá devido à penetração da radiação através da parede celular, e à sua absorção pelos ácidos nucleicos, e em menor extensão pelas proteínas e outras moléculas biologicamente importantes, produzindo alterações bioquímicas letais pela dissipação, por excitação, da energia absorvida, que rompe as ligações não saturadas, principalmente as purinas e as pirimidinas, principais componentes do DNA e RNA. A atuação da radiação ultravioleta em um dispositivo experimental como o esquematizado abaixo comprova o processo degenerativo ocorrido, caracterizado por uma curva exponencial decrescente da variação da densidade final de microrganismos em função do tempo de exposição à radiação:

 

Decaimento de oscilações mecânicas ou elétricas

Em fenômenos mecânicos ou elétricos degenerativos, como por exemplo a oscilação mecânica pseudo-harmônica, com amortecimento exponencial, ou descargas elétricas oscilantes de capacitores em circuitos indutivos/resistivos, têm-se também, por integração das equações diferenciais que regem os fenômenos, curvas de decaimento com envoltórias exponenciais decrescentes, como mostra a figura abaixo:


OS LIMITES DA LONGEVIDADE

Os efeitos possíveis de uma alteração catastrófica do clima terrestre – tal como a ocorrida por ocasião do dilúvio bíblico – na duração da vida humana, podem ser inferidos pela análise dos processos degenerativos observados na natureza, como por exemploos de radiações ionizantes e não-ionizantes, e os de natureza mecânica e elétrica apresentados anteriormente.

Para caracterizar a existência de degradação da longevidade humana a partir da ocorrência do dilúvio universal relatado no texto bíblico, pode-se organizar o quadro seguinte, no qual são indicadas as idades (em anos) atingidas pelos patriarcas em sucessivas gerações, desde Adão:
Nascidos posteriormente ao dilúvio
Geração
Patriarca
Idade
Referência bíblica
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23

33
Arfaxade
Salá
Eber
Pelegue
Reú
Serugue
Naor
Terá
Abraão
Isaque
Jacó
José

Davi
438
433
464
239
239
230
148
205
175
180
147
110

70
Gên. 11:12-13
Gên. 11:14-15
Gên. 11:16-17
Gên. 11:18-19
Gên. 11:20-21
Gên. 11:22-23
Gên. 11:24-25
Gên. 11:32
Gên. 25:7
Gên. 35:28
Gên. 47:28
Gên. 50:26

Sam. 5:4
Limite assintótico 70 / 80 Salmo 90:10
Nascidos anteriormente ao dilúvio
Geração
Patriarca
Idade
Referência bíblica
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
Adão
Sete
Enos
Cainã
Maalelel
Jerede
Enoque
Matusalém
Lameque
Noé
Sem
930
912
905
910
895
962
365*
969
777
950
600
Gên. 5:5
Gên. 5:8
Gên. 5:11
Gên. 5:14
Gên. 5:17
Gên. 5:20
Gên. 5:23
Gên. 5:27
Gên. 5:31
Gên. 9:29
Gên. 11:10-11

(*) Não sofreu a morte – foi trasladado.

 

A LONGEVIDADE DOS PATRIARCAS BÍBLICOS

ESTUDO DE UM PROCESSO DE DECAIMENTO

A partir dos dados apresentados no quadro referente ao tópico “Os Limites da Longevidade”, constante da página anterior, pode-se construir um gráfico da variação da longevidade dos patriarcas bíblicos em função das suas gerações sucessivas. Para isso poderá ser utilizada a estrutura quadriculada mostrada abaixo, com indicação dos valores da longevidade nas ordenadas, e do número das gerações nas abscissas. Tente por si mesmo construir esse gráfico!

Ficam então claras duas regiões distintas caracterizadas no gráfico obtido. A primeira corresponde a um termo médio da longevidade igual a 929 anos, para o período que cobre até a décima geração dos patriarcas. A segunda, a uma curva exponencial decrescente, cuja expressão pode ser calculada como sendo L = 929 e-g/244 , onde L é a longevidade em anos, e g o número de ordem da geração correspondente, contada a partir da ocorrência do dilúvio.

Longevidade (anos)

Número de ordem das gerações a partir de Adão

 

Formato da curva de decaimento da longevidade dos patriarcas

ALGUMAS CONCLUSÕES

Dentre as várias conclusões que podem ser deduzidas do estudo do processo de decaimento da longevidade dos patriarcas bíblicos, ressaltam as seguintes:

· A diminuição da longevidade dos patriarcas bíblicos é um fenômeno de decaimento que se relaciona com os processos de degradação resultantes de significativa alteração climática que deve ter ocorrido após o dilúvio, que devem ter permitido a atuação de radiações ionizantes e não-ionizantes deletérias, de forma intensa, sobre a vida na superfície da Terra.

· O decaimento da longevidade deve ter mantido correlação com outros processos similares que afetaram também outras características físicas e mentais do ser humano, como por exemplo estatura, força física, saúde, habilidades artesanais e fabrís, acuidade, etc.

· As numerosas tradições de diferentes povos, no mundo todo, apresentam elevado grau de consistência com o relato bíblico não só no que concerne à questão da longevidade, como também à estatura e força física e mental dos antigos.


 


A LONGEVIDADE NA ANTIGÜIDADE CLÁSSICA

Para ilustrar os limites de longevidade atingíveis nos tempos históricos, fazemos referência, a seguir, às idades de alguns dos “sábios da Grécia”, cujas biografias encontram-se na publicação “Gênios da Humanidade”, de autoria do célebre Isaac Asimov (recentemente falecido), editada em 1964 pela Editora Bloch, e que foram citados na publicação da Sociedade Criacionista Brasileira intitulada “A Geometria do Sistema Sol-Terra-Lua – Inferências dos filósofos gregos sobre diâmetros e distâncias, feitas há mais de 22 séculos”, por terem deixado declarações referentes ao tema dessa publicação. Esses dados desmentem afirmações freqüentemente feitas com propósitos velados de defender a tese de que tem havido uma “evolução” na longevidade do ser humano. O que se verifica, na realidade, é a veracidade da declaração bíblica a respeito do limite de 70 a 80 anos como termo médio da vida humana após o dilúvio!

Anaxágoras 72 anos Arquimedes 75 anos Hiparco 70 anos
Anaximandro 64 anos Demócrito 90 anos Pitágoras 85 anos
Anaxímenes 70 anos Eratóstenes 80 anos Platão 80 anos
Aristarco 70 anos Eudoxo 53 anos Possidônio 85 anos
Aristóteles 62 anos Heráclito 73 anos Tales 78 anos

A LONGEVIDADE EM NOSSOS DIAS

Têm sido registrados muitos casos de pessoas que supostamente morreram com idade superior a 100 anos. A Encyclopaedia Britannica, Macropaedia, vol. 10, p. 912, no verbete Lifespan apresenta alguns casos interessantes, como os transcritos abaixo:

Casos sem registros confiáveis

· Thomas Parr, falecido em novembro de 1635, com a idade presumível de 152 anos.· Henry Jenkins, falecido em dezembro de 1670, com a idade presumível de 169 anos.· Catarina, Condessa de Desmond, falecida em 1604, com a idade presumível de 140 anos.

Casos com registros confiáveis

· Christian Jacobsen Drakenberg, nascido em 18 de novembro de 1626 e falecido em 9 de outubro de 1772, com 145 anos e 325 dias.· Pierre Joubert, nascido em 15 de julho de 1701 e falecido em 16 de novembro de 1814, com 113 anos e 124 dias.· Outros seis indivíduos que viveram mais de 110 anos

Expectativa de vida saudável atual

Em seu relatório anual sobre a saúde no mundo, a organização Mundial da Saúde publicou em junho de 2000 um “ranking” da expectativa de vida em vários países do mundo, destacando-se nele a posição do Brasil em 111º lugar, com 59,1 anos.

Christian Drakenberg (Foto da revista Life)

A título de comparação, os primeiros países desse “ranking” foram o Japão, com 74,5 anos, a Austrália, com 73,2, a França, com 73,1, e a Suécia, com 73 anos.

A LONGEVIDADE HUMANA COMPARADA COM A DE ALGUNS ANIMAIS

Por analogia com o que se verifica com os animais, como por exemplo o cão e o cavalo, a expectativa de vida humana deveria ser seis vezes maior do que a idade em que é atingida a plena maturidade, o que estenderia a longevidade humana a pelo menos 150 anos! Pesquisadores hoje acham que esse limite pode não só ser atingido, como muito bem ser superado, em face de melhor educação sanitária, novos remédios, novos tratamentos de saúde, alimentação mais balanceada, controle das doenças crônicas e progressos da medicina preventiva em geral.

(Quadro publicado na revista Life)

A propósito, lembramos que a Sociedade Criacionista Brasileira, com este seu número especial, está comemorando o seu trigésimo ano de vida, termo este, bastante superior ao da maioria das publicações periódicas brasileiras …


O ARCO-ÍRIS

Na fotografia abaixo visualiza-se um arco-íris bem desenvolvido, podendo-se distinguir a cor vermelha na parte exterior, seguida do alaranjado, amarelo, verde, azul, anil e violeta, à medida que se caminha para a sua parte interior.

“Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da aliança entre Mim e a Terra”. (Gênesis 9:13)

Os dizeres deste versículo não deixam de ser interessantes, em conexão com o relato que se encontra em Gênesis 2:6 – “uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo”. O aparecimento do arco-íris logo após o dilúvio (“porei nas nuvens o Meu arco”), como algo que aparentemente constituía uma novidade, é indicativo, assim, de que alguma significativa transformação deveria ter ocorrido nas condições climáticas do planeta.

A formação do arco-íris, do ponto de vista da Física, é um fenômeno resultante de duas refrações e uma reflexão interna da luz do Sol ao passar pelas partículas de água existentes na troposfera. Ele é visualizado, como uma imagem virtual, pelo observador colocado de costas para o Sol, e de frente para a região onde as partículas de água se localizam – “… o arco estará nas nuvens …” (Gênesis 9:16).

Os dois esquemas abaixo ilustram a maneira pela qual um raio de luz é refratado e refletido internamente a uma gotícula esférica, tanto no caso de formação do arco principal, como na do arco secundário (este nem sempre suficientemente visível, como por exemplo na fotografia mostrada acima). O observador, de costas para o Sol, vê a luz branca solar decomposta em suas cores pelo efeito devido aos diferentes índices de refração dos vários comprimentos de onda, desde o vermelho até o violeta. Note-se que seqüência das cores no arco secundário é oposta à do arco principal.

Arco principal

Arco secundário