A ÁRVORE EVOLUTIVA DO HOMEM
NÚMERO 6 – SETEMBRO DE 1999 – ANO 28
SUPLEMENTO DA FOLHA CRIACIONISTA NÚMERO 61

 

 

Este número da Folhinha Criacionista está sendo dedicado a assuntos relacionados com a pretensa história dos nossos antepassados, concebida em conformidade com os paradigmas da estrutura conceitual evolucionista. Tem-se a intenção de apresentar em linhas gerais as dificuldades encontradas para a classificação de antropóides e hominídeos que teriam sido ancestrais do homem, a partir de escassos e incompletos restos fósseis encontrados em distintas partes do planeta. No desenvolvimento de trabalhos científicos deve-se atentar sempre para a influência subjetiva que idéias preconcebidas possam exercer sobre a interpretação de dados coletados de forma objetiva, dentro dos parâmetros estabelecidos pelo método científico.

 

 

ACHADOS DE FÓSSEIS DA CHAMADA
“ESPÉCIE HOMINÍDEA”

 

A conhecida revista Time publicou em seu número de 23 de agosto de 1999 um apanhado geral sobre a árvore genealógica evolutiva mais recentemente desenhada para os seres humanos modernos e seus ancestrais. A seqüência apresentada para os fragmentos fósseis que caracterizariam a reconstrução de uma “família” da denominada “espécie hominídea” foi a que se representa nas Tabelas a seguir.

 

 

 

Ramo dos Australopitecos

Nome atribuído ao espécime fóssil Idade presumível (m.a.) Local do achado
Ardipithecus ramidus 4,4 Etiópia

Australopithecus anamensis

4,2-3,9

Kenya

A. afarensis

3,6-2,9

Tanzania

A. africanus

3,0-2,3

Taung

A. aethiopicus

2,8-2,3

Etiópia

A. garhi

2,5

Etiópia

A. boisei

2,3-1,4

Tanzania

A. robustus

1,9-1,5

África do Sul

 

 

 

 

 

Na mente popular os Australopitecos apresentam-se constantemente como se estivessem pouco a pouco preenchendo o hiato entre o homem e seus ancestrais animais, e contribui para essa confusão a tendência dos “descobridores de fósseis” de acrescentar qualificativos aos seus achados. Esses qualificativos, porém não se justificam, como afirma claramente o famoso antropólogo evolucionista Le Gros Clark em seu livro Bones of Contention in Human Evolution: “Praticamente nenhum dos gêneros e espécies dos hominídeos fósseis (incluindo todos os australopitecos) que têm sido criados de tempos em tempos, apresenta qualquer validade na nomenclatura zoológica”. A pergunta básica é se existe mesmo uma árvore, ou somente um feixe de ramos?!

Além dos hominídeos do ramo dos Australopitecos, foram também apresentados na revista “Time” os espécimes fósseis do assim chamado “ramo humano”, conforme indicado na Tabela da página seguinte.


A ÁRVORE EVOLUTIVA DO HOMEM
NÚMERO 6 – SETEMBRO DE 1999 – ANO 28
SUPLEMENTO DA FOLHA CRIACIONISTA NÚMERO 61

Ramo Humano

Nome atribuído ao espécime fóssil Idade presumível (m.a.)

Local do achado

Homo rudolfensis 2,4-1,8 Kenya
H. habilis 1,9-1,6 Tanzania
H. ergaster 1,7-1,5 Kenya
H. erectus 1,7-0,25 Indonésia
H. antecessor 0,8 Espanha
H. neanderthalensis 0,2-0,03 Alemanha
H. sapiens 1,0-0,1

 

Homo sapiens
Ao lado, a última figura (fig. 15)   da seqüência apresentada na Time – o Homo sapiens – cuja denominação nos faz lembrar a epístola de S. Paulo aos Romanos (capítulo 1, verso 22): “Eles dizem que são sábios, mas são loucos”. (Versão na Linguagem de Hoje)

 

Não deixa de ser interessante atentar para os comentários que são feitos na revista Time com relação à família toda apresentada. Na Figura 1: “Desconhece-se, ainda, a ancestralidade desta espécie primitiva, e se ela andava ereta”. Na Figura 2: “Indica que nossos ancestrais andavam eretos pelo menos há 500.000 anos antes do que sabíamos“. Na Figura 3: “Até hoje encontrado somente na África Oriental“. Na Figura 4: “Pensou-se antes que era o elo perdido entre símios e seres humanos”. Na Figura 5: “Talvez seja o ancestral do A. boisei e do A. robustus.” Na Figura 6: “Pode ter sido o primeiro a usar ferramentas de pedra”. Na Figura 8: “Não é um ancestral humano direto”. Na Figura 9: “Talvez seja uma forma antiga do Homo habilis“. Na Figura 10: “Pensou-se ter sido o primeiro a utilizar ferramentas”. Na Figura 11: “Talvez seja uma forma antiga do H. erectusencontrado somente na ÁfricaDiscute-se a sua designação como uma espécie distinta“. Na Figura 12: “Talvez tenha sido o primeiro hominídeo a usar o fogo, e o primeiro a emigrar da África”. Na Figura 13: “Talvez seja o último ancestral comum tanto dos Neandertais como dos seres humanos modernos. Sua designação como espécie é discutida“. Na Figura 14: “Superpõe-se ao H. sapiens“. Na Figura 15: “… Outros fósseis provavelmente incluem ancestrais dos seres humanos modernos“.

Reproduz-se abaixo uma suposta árvore evolutiva do Homo sapiens publicada no livro da Scientific American intitulado Human Ancestor (1979).

 


 

O HOMEM DE PILTDOWN

 

 

O célebre antropólogo evolucionista Richard E. Leakey, conhecido pelas suas descobertas de fósseis na África, em seu livro publicado em Português pela Editora Melhoramentos / Editora Universidade de Brasília em 1980, intitulado “Origens”, apresenta um quadro bastante honesto do evento relativo ao chamado “Homem de Piltdown”, que foi apresentado em 1912 por Charles Dawson, na Inglaterra, e por quarenta anos foi considerado como o “elo perdido” entre o homem e o macaco:

“… Entre 1891 e 1898, em Java, um jovem holandês, Eugène Dubois, havia desenterrado a calota craniana e o osso superior de uma perna, ou fêmur, de uma criatura que, em definitivo, não era nem homem, nem antropóide, mas sim algo intermediário, ao qual ele chamou de Pithecanthropus erectus (o nome Pithecanthropus, que significa “homem macaco”, havia sido sugerido pelo cientista alemão Ernst Heinrich Haeckel, em 1886, como adequado a um ancestral humano).

… Quando em fins de 1912, foram descobertos fragmentos de um crânio, num poço de pedregulho ao sul da Inglaterra, o espécime foi bem acolhido dentro da família humana, com uma precipitação nunca vista. Uma razão para isso era que esse achado apresentava as credenciais corretas: um crânio grande, cuja antiguidade foi confirmada por uma mandíbula semelhante à de um antropóide, desenterrada pouco depois. O “fóssil”, conhecido como o “Homem de Piltdown”, parecia ser o “elo perdido” ideal.

Quarenta anos mais tarde, após avalanches de publicações, foi provado que o “Homem de Piltdown” era uma falsificação: uma engenhosa justaposição de um crânio humano moderno e a mandíbula de um orangotango. Em contraste com a relutância com que o “Homem de Neandertal” fora recebido (1856), a falsificação de Piltdown exemplifica a ânsia, algumas vezes inconveniente, com que os cientistas estão dispostos a aceitar aquilo em que eles querem acreditar. Os pesquisadores de hoje não estão isentos dessa fraqueza; e isto pode ser visto em todos os ramos da ciência. Mas, como em arqueologia as teorias são muitas vezes elaboradas a partir de dados relativamente escassos, os perigos de interpretações exageradas e de teorias distorcidas, são mais acentuadas nesse campo.”

Membros da Geologist’s Association visitam o local da
“descoberta” do “crânio de Piltdown”.

À medida em que os anos se passaram, os “fósseis” de Dawson foram-se tornando cada vez mais irreconciliáveis com outros que se consideravam autênticos. O “Homem de Java” e os fósseis africanos com crânios mais simiescos e mandíbulas mais humanizadas tornavam o “Homem de Piltdown um “paradoxo da evolução”! Assim, após ter sido despertada a primeira suspeita de fraude, apontando talvez para um embuste, foram procedidas análises químicas acuradas, levando em conta outros ossos que tinham sido encontrados no mesmo local, tendo-se então chegado à comprovação inequívoca de que os ossos apresentados por Dawson não pertenciam ao mesmo contexto dos demais, não eram contemporâneos, e não poderiam ter estado todos juntos na mesma jazida. Até pouco tempo permanecia ainda a dúvida sobre quem teria sido o autor do embuste. O jornal The Times de Londres, em 23 de maio de 1996 apresentou interessante notícia sobre o assunto, concluindo que o responsável pela fraude foi Martin A. C. Hinton, ex-curador de zoologia do Museu de História Natural, falecido em 1961. Hinton teria procedido dessa forma em virtude de uma desavença havida com Sir Arthur Woodward Smith, curador de paleontologia do Museu, girando em torno de uma questão relacionada com o seu pagamento pelo trabalho de catalogação!

Que a fraude de Piltdown tenha levado 40 anos para ser descoberta, é algo extraordinário. Mas que a própria teoria da evolução tenha permanecido muito mais tempo também como um grande engano, é algo verdadeiramente trágico!

 

 

Cientistas examinam a “descoberta”.

Rapidamente se pode verificar o movimento pendular entre a aceitação de estruturas conceituais em extremos distintos, ocorrido a partir de meados do século passado. Em 1859 é publicado o livro de Darwin “A Origem das Espécies”, seguido em 1871 pela “Descendência do Homem”. Em 1856 era difícil aceitar a ideia do “Homem de Neandertal”. Em 1886 Haeckel fala abertamente de um “Homem Macaco”. Em 1912 é aceita com euforia a “descoberta” do “Homem de Piltdown”. Em 1952 expõe-se à execração pública a fraude do “Homem de Piltdown”, e em 1980 um antropólogo evolucionista de renome honestamente adverte contra a “ânsia de aceitar aquilo em que se deseja acreditar”!

Recomendamos como leitura auxiliar sobre o assunto abordado nesta “Folhinha” os artigos publicados pela Folha Criacionista que constam do Índice Temático que pode ser encontrado na nossa “Home Page” sob a classificação IV.1.A – Ancestrais do Homem.


ÁRVORE EVOLUTIVA?

Reproduz-se abaixo trecho de uma suposta árvore evolutiva com os ramos dos Australopitecos e do Homem.

(Leakey, Richard E., Origens, Ed. Melhoramentos / Ed. Universidade de Brasília, 1980)

 

Não há dúvida de que a Teoria da Evolução é útil como meio auxiliar para o arranjo ordenado dos dados disponíveis. Mas também não há dúvida que, ao ser a teoria apresentada para o consumo popular, omitindo qualquer menção aos problemas que ainda permanecem sem solução antes que ela possa ser inequivocamente considerada como estabelecida factualmente, ela passa a ser aceita como tendo sido “cientificamente comprovada”, o que, na realidade, não é uma verdade.

 

Teoria da Evolução de fato parece poder explicar tudo, dentro de sua formulação teórica. E esta deve ser a razão pela qual somente agora algumas autoridades de estatura na área estão se dando conta de que uma teoria que pode ser usada para explicar tudo, mediante a manipulação de uma teia de argumentos, de conformidade com a ocasião, realmente é inconsistente, pela razão básica de que jamais haverá possibilidade de ser refutada. É essa a posição moderna de filósofos da ciência com relação à Teoria da Evolução. E, também, atualmente numerosos cientistas que se têm dedicado com profundidade ao estudo da biologia molecular, têm concluído que a tese da evolução gradativa dos seres vivos não encontra sustentação na realidade dos fatos, em virtude da existência do que tem sido denominado de “complexidade irredutível”: teria sido necessário um verdadeiro milagre para que um incontável número de fatores distintos tivessem se manifestado simultaneamente para que se produzissem transformações evolutivas das mais simples que pudessem ser consideradas! E milagre está fora da cogitação…

 

Segue um pequeno exemplo de teia de argumentos usados no âmbito da Teoria da Evolução para explicar coisas opostas diametralmente. Inicialmente, havia sido proposto que o aumento do tamanho do cérebro humano houvesse ocasionado a emergência do homem como Homo sapiens, o grande utilizador de artefatos,de maneira que as criaturas com cérebro menor eram consideradas inferiores na escala evolutiva. Posteriormente, ao se promoverem as criaturas com cérebro menor a utilizadoras de artefatos, passou-se a argumentar que foi o uso dos artefatos que ocasionou o aumento do cérebro! Este tipo de raciocínio constitui um ciclo vicioso, bastante usual na antropologia evolucionista atual, da mesma forma que na geologia e outros campos, embora nem sempre isso seja prontamente admitido pelos cientistas.

Outro vício de raciocínio mais geral pode ser exemplificado da forma seguinte: Sabe-se que a evolução humana é verdadeira, e portanto deve haver uma sucessão de formas desde algum ser proto-humano até o homem, distribuída ao longo da adequada escala de milhões de anos. Então, não levando em conta a localização geográfica, e adotando uma escala de tempo conveniente, torna-se possível alinhar uma série de candidatos fósseis de forma eufemicamente considerada como “uma bela seqüência”, o que então passa a demonstrar que a evolução é um fato! A possibilidade de que possa haver qualquer outra explicação para a semelhança de formas nem mesmo é trazida à consideração. Na realidade, o mero alinhamento arbitrário de fósseis com aparência humana, mesmo que sua ordem cronológica fosse correta, não demonstra descendência! Faz-se a hipótese de que a descendência é a explicação, e o alinhamento então é usado para demonstrar a hipótese.